Mais livres, mais felizes: a ascensão da mãe solo por escolha

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Cada vez mais mulheres optam por ser mães sozinhas — e os dados mostram que tanto elas como os filhos estão a prosperar

Durante muito tempo a figura da mãe solteira esteve associada a abandono, dificuldades financeiras e ausência paterna. Mas uma nova realidade está a emergir: mulheres que escolhem, de forma consciente e planeada, ser mães sozinhas. Com estabilidade económica, autonomia emocional e o apoio de redes sociais, familiares e de outras mulheres, elas estão a mostrar que é possível — e até vantajoso — seguir este caminho.

Uma escolha consciente, não uma consequência
De acordo com dados de 2024, existiam cerca de 130.000 famílias monoparentais em Portugal, das quais aproximadamente 87% são chefiadas por mulheres. Embora estes números não distingam explicitamente entre mães por opção e por circunstância, o aumento do recurso a técnicas de procriação medicamente assistida por mulheres solteiras aponta para uma crescente procura por este modelo de maternidade planeada.

Na Europa, esta tendência também é evidente. Estima-se que cerca de 10% das famílias com filhos são monoparentais, e em países como o Reino Unido, 23,8% das famílias com filhos são lideradas por mães solteiras — muitas delas por escolha própria. O número de mulheres solteiras a recorrer a inseminação ou fertilização in vitro com dador cresceu mais de 60% entre 2019 e 2022 no Reino Unido – e hoje um a cada 32 bebês foram concebidos por fertilização in vitro.

Felicidade e desenvolvimento infantil
Estudos europeus têm mostrado que crianças criadas por mães solo por escolha apresentam níveis semelhantes ou superiores de autoestima, sucesso escolar e estabilidade emocional, quando comparadas com crianças criadas em modelos familiares tradicionais.

A chave, segundo os especialistas, não está na quantidade de progenitores, mas na qualidade do cuidado e do vínculo afectivo. Mães solo por escolha tendem a estar mais emocionalmente preparadas e envolvidas na educação dos seus filhos, precisamente porque tomaram essa decisão de forma autónoma e planeada.

Mulheres mais realizadas e bem-sucedidas
A maternidade consciente também se reflete no sucesso profissional destas mulheres. Um relatório da Harvard Business Review (2024) concluiu que mães solo por escolha têm, em média, rendimentos 18% superiores às mulheres da mesma faixa etária com filhos em outros arranjos familiares. Esta diferença está relacionada com o planeamento antecipado e com a busca por estabilidade financeira antes da maternidade.

Em Portugal, relatos crescentes de mulheres que recorrem à inseminação com doador ou congelamento de óvulos mostram que muitas já estão a preparar este caminho com antecedência, mesmo sem parceiro.

Tecnologia e redes de apoio: os novos pilares
O avanço da medicina reprodutiva — como o congelamento de óvulos, inseminação artificial e fertilização in vitro — tem sido um dos principais facilitadores desta nova maternidade. Embora existam desafios em Portugal, como a escassez de dadores de esperma, o acesso legal a estas técnicas permite que mulheres solteiras realizem o desejo de ser mães.

Além disso, surgem cada vez mais redes de apoio — tanto presenciais como digitais — que ajudam estas mulheres a partilhar experiências, encontrar ajuda e organizar a rotina. Desde grupos online a serviços de babysitting comunitário, estas mães criam novas formas de estrutura familiar e apoio mútuo.

Mais do que seguir um modelo tradicional, estas mulheres estão a criar famílias onde o amor, a presença e a segurança são os pilares — independentemente da estrutura.

Portugal acompanha, em parte, esta transformação europeia, com mais de metade dos nascimentos fora do casamento e uma crescente procura por maternidade independente. A mulher hoje está cada vez mais livre para escolher quando e como ser mãe — e muitas estão a escolher fazê-lo sozinhas. E com sucesso.

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